Outromundo: Queria saber de cada um de vocês qual foi o primeiro contato com o RAP?
Pitzan: É difícil dizer precisamente. Acho que em 97. Não me lembro de um momento específico, mas comecei como a maioria dos mcs da minha geração, ouvindo Racionais, Thaíde, Dr.Dre, Tupac, Snoop, Wu-Tang... Eu estava só começando.
PG: Meu primeiro contato foi com Public Enemy, Erick B e Rakim por volta de 89/90. Depois veio NWA e Ice T, juntamente com os nacionais “Corpo Fechado” do Thaide e “Mas que linda estás” do Black Juniors. Começei tocando dance music e nesse processo conheci Mr. Lee, BG the Prince of Rap, C&C Music Factory entre outros. Eu gostava muito porque nesses sons surgiam mcs rimando e aquilo era extremamente novo pra mim.
Caio: Tinha um primo meu que ouvia muito e tinha amigos no gênero. Foi dele que eu ganhei meu primeiro cd de rap, um do Public Enemy. Eu ouvia aquilo sem parar e pouco tempo depois tive acesso aos nacionais como Sistema Negro, Racionais e MRN. Foi quando começou a febre de comprar discos no centro da cidade, isso por volta de 97.
Outromundo: Após três estações do lançamento do álbum de vocês (Após Algumas Estações), o que vocês acharam da reação do público, da aceitação e da correspondência positiva e negativa do trabalho?
Elo Da Corrente: Na verdade a gente não se preocupa tanto com essas coisas, sabemos o que estamos fazendo. Importante mesmo é continuar pelo menos elevando o nível técnico tanto das composições e dos instrumentais a cada novo trabalho. Inicialmente muitos não compreenderam essa nova fase do grupo que o disco apresentava, mas após algumas audições a reação das pessoas tem sido boa. Alguns elogiam, outros criticam, nos shows a galera canta e já tem gente perguntando sobre novos lançamentos do Elo. Tudo isso não deixa de ser parâmetro pra dar seqüência.
Outromundo: Vocês estão trabalhando em futuros trabalhos, paralelamente ao Elo da Corrente e/ou com o Elo mesmo?
Elo da Corrente: Estamos sempre trabalhando, a idéia de um novo álbum já existe... mas ainda é apenas uma idéia.
Outromundo: Como vocês enxergam a cena agora do Rap alternativo do Brasil?
Elo Da Corrente: Existem alguns grupos bons, outros o serão um dia... porém o rap no Brasil é algo relativamente novo. Acredito ser uma questão de tempo para as coisas mudarem, talvez não muito, mas pra melhor com certeza. Quando a gente começou, muitos ainda buscavam emergir e lançar discos, os artistas maiores galgavam um espaço maior e melhor na mídia. Não existiam Boomshots, Per raps, Indies Hip-Hop e muito menos um programa em rede nacional no “horário nobre”. Então algo mudou por aqui.
Hoje todos se sentem críticos de música, os ouvintes diminuem conforme o tempo passa pois muitos querem ser Mcs, alguns DJs, poucos B-boys e ninguém quer por a mão na massa e organizar eventos para que essa suposta cena realmente possa prosperar por aqui. Existem várias possíveis explicações para esse fato, mas não nos cabe apontá-las.
Outromundo: Qual é o conceito de cada um sobre essa molecada nova que está começando no RAP agora?
Elo da Corrente: Não temos pesquisado novos grupos de rap nacional então não temos como responder com maior precisão, porém vale dizer pra qualquer um que esteja começando que é imprescindível ser original; ter ídolos na música e devorá-los, inspirar-se com seus trabalhos... não copiá-los!
Outromundo: Que conselho vocês deixam para eles?
Caio: Pensem realmente se o que querem fazer da vida é rap e encarem isso realmente como uma profissão se a resposta por acaso for sim.
Outromundo: O que vocês esperam em relação a mudanças, nessa cena para agora no ano de 2009 ai?
Elo Da Corrente: “Mudanças, com ritmo incerto.”
Outromundo: Primeiramente muito obrigado a vocês três pela entrevista. Deixem recados, agradecimentos, sugestões, etc. E principalmente, contato para shows.
Elo Da Corrente: Se você acredita e quer fazer parte da cultura Hip-Hop busque compreendê-la um pouco melhor a cada dia, cada um de seus desdobramentos e suas peculiaridades. Paz!
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