OUTRO MUNDO .

OutroMundo Entrevista: Arthur Moura




Outromundo: Quando você começou a se envolver com o RAP, e produção musical?

Arthur Moura: Estudei violão erudito e popular durante uns cinco anos no Conservatório de Niterói, mas antes disso tocava em bandas. Isso foi mais ou menos em 1999 quando conheci o Wallace. A gente tocou punk, depois passeamos pelo heavy metal em bandas cover metalica, iron maiden... aí formamos uma banda só para tocar sons próprios (isso foi mais ou menos em 2001, 2002). Wallace sempre teve uma pegada mais da rua mesmo. Sempre misturou rap, com outras temáticas mais soltas, e isso no metalzão que a gente fazia (risos). Aí depois resolvi sair da banda e montar um homestudio, que se chamou "202". Foi aí que eu e Wallace começamos a produzir nossos sons, videos, etc. A produção me deu mais visibilidade, pois comecei a conhecer mais gente (não que tocando isso não acontecesse) e enveredar para o rap mesmo.


Outromundo: e estúdio, a princípio, tinha mais gravações de rap?

Arthur Moura: Em princípio não, sempre foi rap! Não sei porque, mas as coisas aconteceram muito rapidamente. Talvez por eu ter começado a fazer batidas e o próprio meio que eu tava ali propiciou isso. Lembro-me de um dia o Rabu ter batido lá em casa, depois conheci o De Leve que mora na minha rua, depois lembro que conheci o Dropê, aí já fui conhecendo aquela muvuca toda da Lapa! (risos). Então comecei a produzir os meus próprios amigos.


Outromundo: O processo seu de começar a fazer as bases mesmo, foi influênciado por quem, pelo o que?

Arthur Moura: Cara... acho que isso já veio na verdade daquela influência que o Wallace botava na nossa banda de rap saca. Pra te falar a verdade eu tinha aversão ao rap, mas depois conheci outras coisas legais que me aproximaram mais da produção. Acho que quem me influênciou de verdade mesmo foram os meus amigos cara. Sabe porque? Eu tava naquela fase frenética de ouvir os raps nacionais e tinha muita gente que fazia batidas. Por exemplo aquela galera lá da Lapa, o Dropê EJC, o MV Hemp, o próprio De Leve que sempre levava a MPC dele lá e fazia as batidas na hora aí eu ficava doido né! Eu tenho um amigo lá do interior de Goiás chamado Marcelo Martins que foi forte influência também. O cara segue aquela linha do Anticon, Dosh, Why?, Aliás... aí já viu! Mas é claro que o rap gringo também fez a diferença Eu gosto muito do Mos Def... versátil!


Outromundo:
O que usava pra produzir naquela época?

Arthur Moura: Eu tinha uns equipamentos bacanas. Bom pc, microfones bacanas e tal. De programas eu sempre usei o clássico Fruity Loops, até porque nunca consegui mexer em MPC. Acho muito complicado!


Outromundo: E hoje em dia?

Arthur Moura: Cara... hoje em dia eu tô viajando em outras coisas. Não produzo tem um ano. Estou estudando muito. Curso História, estou envolvido em pesquisas acadêmicas e tenho lecionado para alunos do primeiro período também na Universidade. Mas tenho trabalhado em vídeos. Estou em processo de montagem do meu documentário "Poetas de Rua" e tenho produzido uns clipes. Ontem mesmo terminei um clipe de uma banda de rock chamada EIZA. Na verdade a academia está sendo um bom local para aprimorar idéias! Estou escrevendo uns artigos sobre o rap independente, sobre a cena e tal... coisas que observo de bom e ruim que rolam na cena. Enfim.


Outromundo: Pretende voltar a produzir, Ou vai ficar só com os vídeos mesmo?

Arthur Moura: No momento quero trabalhar mais com vídeos. Mas tenho gravado algumas coisas com Wallace. Mas vamos vou voltar a fazer as batidas logo mais. Na verdade, eu e Wallace já estamos com o quarto disco pronto, mas só gravamos as prévias. É um disco bem legal, menos eletrônico, com violões seguindo uma linha popular, bossa nova, samba, melodias bacanas... mas não deu tempo ainda de terminar por causa dessa dedicação que estou tendo na Universidade. O disco já tem até nome! "Caleidoscópio" ou "Linhas Diminutas".





Outromundo: Nessa sua tragetória na música, você nunca se escreveu algumas letras?

Arthur Moura: Sempre escrevo. Mas ficam guardadas... na verdade não são letras né, são
rabiscos de poesias e tal... algumas eu dou para a minha namorada! rs Escrevo nas barcas, gosto às vezes de sentar no meio do centro do Rio de Janeiro numa daquelas escadarias e escrever de acordo com a movimentação da cidade. Gosto muito da escrita assim como a leitura, mas não me limito a poesias. Gosto da linha acadêmica de artigos, pesquisas, áreas mais científicas. Por isso venho pensando em escrever alguns artigos sobre a cena do rap no Rio. Sobre toda a maquinária que é essa coisa do "viver independente", lançar um olhar mais objetivo sobre essa questão. O problema é que ninguém lê! (risos).


Outromundo: O Fluxo, tem três discos que foram lançados somente na internet. Como você vê isso de lançamentos só pela internet, foi opção, ou necessidade?

Arthur Moura:
As duas coisas! Temos Relatoatividade, O Som do Tempo e o Prévia do Amanhã que só foram lançados virtualmente. Cara... é aquela coisa né... a gente é independente, e meio que começamos a fazer música a todo vapor! Esse fator aliado ao pouco dinheiro gera conflitos. Como lançar três discos na pista? A gente sempre gastou muito no estúdio e isso também complicou. Outra coisa é que o Fluxo só tem eu e Wallace. Nós dois só para segurar a onda. A necessidade de divulgar falou mais alto. Aí decidimos disponibilzar tudo na net sem essa de ficar esperando ter grana pra lançar, até porque nunca tinhamos mesmo! Mas isso ao mesmo tempo limita né... é complicado pra caramba, porque você tem que ser produtor, MC, beat maker, etc etc etc... (risos).


Outromundo: E o Documentário que você está fazendo, nos fale um pouco dele.

Arthur Moura: Então... quando vai ser lançado só Deus sabe! (risos). O filme vai se chamar "Poetas de Rua". Comecei a filmar em 2004 muito despretenciosamente, depois vi que aquilo daria um bom documentário. O filme é sobre uma outra cena do rap que não costumamos muito ver em "evidência". Esse ano fiz as últimas filmagens e a edição já tá na metade. Fiz mais de 70 entrevistas com pessoas do rap, do repente, da embolada , professores de História, Dj´s, etc. Não é um filme com superprodução, nem com grandes aparatos. Pretendo lançar no ano que vem, quiçá esse ano. Tudo vai depender de grana (e da boa vontade do meu PC que tá fudido!). Ali busco mostrar o improviso em si... em suas diversas formas, mesclando com shows, samba em butecos, poetas bêbados, assuntos como mercado, poesias, etc... Acho que filmei mais ou menos umas 80 horas no total... o filme deve ter mais ou menos uns 70 minutos. Espero lançar em breve pois é um registro bem legal!


Outromundo: Quem esteve envolvido na filmagem, e está na edição e produção?

Arthur Moura: Cara... 90% fui eu que filmei. A edição também sou eu que estou fazendo, roteiro etc. Mas é claro que ninguém é uma ilha. Eu já poderia ter lançado isso há muito tempo, mas seria egoísmo da minha parte não ouvir a opinião dos meus amigos que estão envolvidos no filme, pois quando se trata de retratar algo em sua forma documental tem que haver todo cuidado do mundo, pois são pessoas de verdade ali representadas. Então às vezes convido amigos para ir na minha casa opinar sobre a edição. Dessa edição que estou no momento já mudei mais de 10 vezes pois cada um que vai lá adiciona algo muito importante no espírito da coisa. Então eu sou só a parte mecânica da montagem, pois quem está montando é um montão!


Outromundo: Influências, mano. Quais são suas influências, inspirações, referências, etc. No seu trabalho?

Arthur Moura: Então... acho que é mais ou menos aqueles caras que te falei antes... amigos. E gringos gosto muito do Anticon cara. É algo ainda pouco conhecido, mas sei lá... é um rap musical, ousado, despreocupado, despretencioso e sagaz. Anticon é um coletivo formado por um monte de cara maluco que faz o que sai e deu! Acho que são esses caras que influenciam mesmo a minha música. Agora parte de videos... eu amo filmes né... não fico uma semana sem ir ao cinema. Gosto muito do João Jardim, Eduardo Coutinho, Win Wenders, Daren Aronofsky... são esses caras que de certa forma vão me guiando!


Outromundo: O que você tem escutado ultimamente mano?

Arthur Moura: Why?,Quinteto em Branco e Preto, Max de Castro!


Outromundo: Bom mano, esse é o seu momento, deixe aí recados, cobranças, agradecimentos, contato, link, etc.

Arthur Moura: Valeu. Primeiro é agradecer a oportunidade de expressar algumas idéias né! Acho que estamos num momento muito legal da produção artística como um todo, pois observo que estamos "perdendo o medo" de apresentar nossos ideais. E o rap é essa coisa tão vasta, ampla, que dá vazão a todos esses sentimentos! Um abraço!
www.myspace.com/fluxo
www.myspace.com/arthurmoura




Segue um texto de Arthur Moura, "Quem Dita As Regras?":


Quem dita as regras?

(o choque cultural e o comportamento da cena independente do rap no Brasil)
Por vivenciarmos um complexo de transformações no campo cultural, mais especificamente na arte (e é bom lembrarmos que cultura é todo um conjunto onde a sociedade, ou algum grupo, exterioriza suas concepções, idéias, costumes, formas de relacionamento), vejo a possibilidade de uma discussão que tem como objetivo principal a observação das especificidades da cena independente do rap no Brasil. Lembrando que às transformações e o processo cultural é dado uma maior relevância nesse texto, quero excluir o confrontamento pessoal para com alguns protagonistas e sim situá-los num contexto político, ideológico e que muitas vezes seguindo uma demanda ou uma lógica mundial, empurram todo um comportamento a determinadas tendências, muitas das quais mercadológicas. A relação dos costumes e tradições do Brasil com o que vem de fora é dada, na maioria das vezes, uma maior importância. Essa relação reflete um comportamento globaritário, e nisso o pensamento de Milton Santos se faz valer, que é impulsionado por diversos tipos de violência, a começar pelo ferimento de costumes locais. O contato e relações culturais são passíveis sim de transformações quando aproximadas de forma
mais íntima, mas com isso não queremos dizer que desse contato venha a nascer a intransigência e idéias de valores implicando a superioridade de uma cultura sobre a outra. Quando se chega nesse estágio trocas não são possíveis e sim a imposição do mais forte (seja lá o que isso queira dizer) sobre o mais fraco, do melhor sobre o pior, do mais aceito pelo que tem menos importância. Quando caímos nesse estágio a idéia de cultura vai-se pelo ralo. Historicamente falando é delicado falar de contatos culturais, já que sempre houve esse tipo de troca entre diversas civilizações. Não existe uma cultura melhor do que outra, costumes ou tradições que possam ser postas num ringue a fim de se extrair dali o mais forte. Costume é costume, cada qual som suas características e sem julgamento de valor. É sobre isso que a singularidade de cada povo se forma. Porém todo um contexto histórico impõe outro tipo de relação entre pessoas e isso se faz valer desde a Antiguidade, passando pela Idade Média, período Moderno até chegar ao Contemporâneo. Hoje o que observamos é uma forma violenta de globalização que empresas, multinacionais, órgãos internacionais exercem de forma espantosa nossas vidas. Com isso não devemos de forma alguma excluir a participação dos protagonistas corroboradores dessa barbárie, pois há conceitos éticos que entram forte nessa discussão. Por mais que o homem seja mercadoria (na concepção de Marx) e seja uma corrente mecanicista, não devemos fazer vista grossa com a ética, pois dessa forma estaríamos livrando o homem de ser homem. O rap no Brasil é recente e tenta agora caminhar de forma independente. Porém o que não se percebeu ainda é que relações humanas não podem ser postas dentro de um recipiente e se reproduzir a mesma experiência em locais diferentes. Com isso estamos caindo num grotesco erro que nos é imposto como verdade. Em outras palavras, não cabe reproduzir a mesma corrente cultural, ideológica, ou o que quer que seja de forma idêntica em diferentes localidades onde diferentes seres humanos se manifestam. Ao se chocar, culturas diferentes passam a sofrer reações específicas e de forma “natural”. Ou seja, a idéia é que ao se chocar as trocas culturais possam realizar-se com a não sobreposição que vá acarretar o fim de alguma sobre a outra. Em paralelo a isso há uma reação contrária, e aí incluo alguns colegas como reprodutores desse tipo de comportamento, mundializada que tende a padronizar a cultura de um determinado local. Ou seja, esses protagonistas a que me refiro acatam um rap americanizado com todos os seus vieses para o território brasileiro onde esse tipo de comportamento não se torna algo representativo para a nossa realidade. A partir dessas observações podemos nos situar na cena nacional, onde os protagonistas a que me refiro são os MC´s, DJ´s, produtores e todos que formam a cultura hip hop. É claro que quando falo do choque de culturas (arriscaria a dizer que essa cultura que falamos nada mais é do que uma cultura-econômica), não generalizotodas as manifestações existentes, pois existe sim dentro de cada localidade grupos que ainda preferem beber da fonte local para formular melhor os costumes. A minha pouca experiência na cena me habilita a afirmar isso. Não chamaria esse movimento que tende a permanecer mais fiel às suas raízes de “resistência”, mas sim uma forma mais inteligente da não padronização do rap no Brasil. É claro que com uma cultura vinda de fora vem também valores introgetados, e essa cultura ao chocar-se com a outra não se mantém estática, aliás inalterações aí tornam-se impossíveis. Com isso quero dizer que, ao chegar ao Brasil, o rap trouxe consigo toda uma estrutura já iniciada em solo estrangeiro. Não vamos cair aqui na questão se o rap surgiu na Jamaica, nos Estados Unidos, no Nordeste brasileiro ou com Homero. Então ao chegar ao Brasil, o rap já trouxe consigo toda uma conduta que vai desde a rebeldia do negro e todos aqueles que de alguma forma são desprivilegiados socialmente, trouxe costumes, um linguajar característico, formas de se vestir e de se comportar, ou seja, toda uma vestimenta cultural já própria. Observamos também nascer com eles todo um esquema de marketing (e tudo que envolve marketing e propaganda temos que ter todo um cuidado com que tipo de idéia, imagem e visão quer ser passada) que fez com que o rap se tornasse hoje fenômeno mundial. Não podemos omitir o notável processo que o rap enfrentou para popularizar-se mundialmente (mas devemos sempre nos lembrar: à custa de que?). Porém, uma imagem massificada de um rap envolto de conceitos que não representam uma fiel ascensão de valores ligados aos seus protagonistas iniciais são os mais presentes no Brasil. Em outras palavras, o verdadeiro nascedouro do rap com todo o seu engajamento político é dificilmente posto em prática pelos que formam hoje a cultura hip hop. A profissionalização do rap hoje é tida com grande importância. Nada mais justo que viver do que se ama. Mas aí caímos em mais uma questão. O que é ser profissional no Brasil? Essa profissionalização hoje vem acarretar a perfeita inclusão de uns e o escanteio de outros. Quando não se dá mais espaço àqueles que estão começando, ou seja, aqueles que ainda produzem de forma mais “barata” um determinado tipo de arte, exclui-se de forma violenta e mesquinha todo um processo natural do espírito artístico. O que quero dizer é que não é levado a sério aquele cuja produção envolve recursos modestos. Quando leio a entrevista de um determinado artista vinculado a Nike dizendo que só há espaço para os “profissionais”, tenho a idéia de que só poderão participar do processo criativo artístico os que jogarem de acordo com as regras do mercado. Ora, nada menos democrático do que a formulação de um discurso puramente ideológico, violento e desrespeitoso com àqueles que também bebem da mesma conjuntura artística
e estão presentes no mesmo bojo cultural. Isso gera um problema ainda maior que é o monopólio da cena por esses poucos que com seus valores se acham mais aptos que outros e, tendo uma maior repercussão, indicam outros que consideram tão aptos quanto eles. Em outras palavras, os que agora se acham profissionais apadrinham outros com esse mesmo tipo de mentalidade. Mais uma vez volto à pergunta. O que de fato é ser profissional? É um maior espírito inventivo, investigativo e proeminente ou aquele que preza por um maior aparato tecnológico e mercadológico para fazer valer suas idéias? Vocês poderão pensar na possibilidade de uma combinação harmoniosa entre os dois. Sim é possível. Mas, será que todos os artistas necessitam e querem ter suas idéias vinculadas a um tipo de profissionalização que nos fazem acreditar ser o único caminho possível? Conforme já disse, não se exclui a possibilidade de mesmo atrelado a recursos mais faustosos termos bons resultados artísticos. É claro que a partir do momento que o resultado artístico passa a sofrer qualquer tipo de alteração que seja estranha ao criador, isso passa a se tornar discutível. Olhando mais de perto é errado afirmamos que só o mercado dita as regras. A questão vai muito além disso. O mercado, ciente de sua força e influência, dita as regras. Há aqueles que em detrimento dos seus valores, conceitos éticos e bom senso seguem essa força e com isso violentam sua cultura local. E há os que mesmo sendo subordinados pela força do dinheiro vêem nesse processo de globalização ferramentas mais amenas e não destrutiva dos valores de cada um respeitando e sendo íntegro com o próximo. Então volto a perguntar, ligar-se a grandes indústrias implica necessariamente na troca de valores? Diria que não necessariamente, mesmo que muitos exemplos possam me desmentir com facilidade. Hoje um artista dispõe de outros meios para propagar suas idéias, o que não implica na sua completa dependência de grandes esquemas fonográficos. As vezes penso na grande quantidade de talentos perdidos principalmente na primeira metade do século XX por não estarem ligados a um grande aparato mercadológico pois é confortável afirmar que não havia público para determinado estilo ou um espaço para vincular determinadas idéias. Coisa que nunca faltou nesse mundo é gente querendo conhecer coisas novas. Aí entra a pergunta. A quem se quer agradar? Ou melhor, a quem se quer vender? Mesmo sendo coagido por uma força não há uma obrigatoriedade em se submeter a essa força ao ponto de desestruturar todo um processo artístico. Nessa idéia de força também podemos citar um conceito pueril tribalizado que os protagonistas dessa cena têm em relação uns com os outros. É mais forte quem tem uma galera maior, quem idealiza discursos que tendem a ser encarados como um único caminho a se seguir, e muitas vezes nisso deixa-se de fazer música para fazer política ideológica a favor de suas ações. Faz-se valer então a idéia de superioridade onde os mais aptos são os que dispõe de todo um aparato que vai desde o dinheiro oferecido por uma tendência globaritária e usufruído por estes que dispõem um mercado frágil e que conseqüentemente ditam as regras sobre àqueles que, a seu ver, não são profissionais e não fazem o rap de verdade. Existe hoje no Brasil outra camada artística em paralelo a esses conflitos que emanam em proeminência artística que por não serem vinculados em grandes escalas passam despercebidos e omitidos por rappers que habitam uma cena mais explícita num âmbito mercadológico. Pretendo com essas poucas observações não fomentar mais uma disputa de força e sim uma reflexão sobre o que hoje entendemos por mercado, cultura, formas de se fazer arte e o espaço que a cada manifestação tem direito. Ganhar a vida com a arte é perfeitamente possível, mas ainda não é uma realidade por egoísmo de alguns. O grande problema da construção do conhecimento não chegar até todas as pessoas ou a um maior número possível é a conformidade de alguns em não achar necessário que esse conhecimento chegue até todos. Por isso dizem ser o conhecimento um poder, pois ao não achar necessário essa maior expansão e se concentrando nas mãos de poucos, o conhecimento torna-se de fato poder transformando-se numa ferramenta de dominação de uma maioria ignorante. Já no meio cultural onde o espírito inventivo não é diminuído por uma simples força do mercado, vemos um perigoso processo de ocultação dessas forças criativas por toda uma tendência globaritária, mercadológica e mesquinha que alguns insistem em seguir para justificar um status pouco representativo para o crescimento da cultura como um todo. A partir do momento que, em detrimento de benefícios próprios, alguns artistas propõem-se a caminhar junto de um esquema que exclui o outro, compartilho a idéia de que “pode ser um profundo equívoco visualizar a arte como uma simples expressão do espírito”, onde Peter Buker expõe o cuidado ao
analisar as diversas manifestações artísticas.

Arthur Moura

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