OUTRO MUNDO .

OutroMundo Entrevista Munhoz (Contra Fluxo)


Munhoz

Outromundo:
Como foi seu começo no RAP Munhoz?

Munhoz: Como ouvinte,Não lembro exatamente, mas uma época que me marcou muito,
era a época que o Armando Martins, tinha um programa:'Metrô FM', e ele foi um cara, que sempre ajudou os grupos,
tocava muita coisa nova, muitos grupos.E eu costumava ouvir o programa dele, à noite, quando tomava banho.
e gravava umas fitinhas também...Depois teve o YO MTV Raps, que na época do Primo Preto, tinha uns grupos ao vivo no estúdio.
Vi muita coisa pela primeira vez ali.
Eu gostava de rap, mas não tinha informação, morava na Zona Oeste,eu gostava, mas não sabia onde comprar os discos,
não tinha informação do que saía,e gostava de outros estilos, antigamente as coisas não eram tão segmentadas,como ficaram depois nos anos 90.

Outromundo: E quando voce decidiu que queria fazer RAP?

Munhoz: Eu tinha banda com o Venom, e a banda era uma mistureira de estilos, mas eu já escrevia umas paradas que tinham a ver com rap.
Aí,num fim de ano a banda deu uma parada...Eu peguei uma bateria eletrônica, um gravador 4 canais,e comecei a gravar os primeiros raps.
Isso lá pra 1997/1998...

Outromundo: E quando conheceu os caras que depois vieram a formar o coletivo Rhima Rhara?

Munhoz: Então,nessa época aí,era eu e o Venom que começamos a fazer as paradas.O grupo nem tinha nome,e o Duenssa,do Rua de Baixo,
morava no mesmo prédio que a gente,e ele sempre falava do Espião...Aí conhecemos e Espião e o Zorack através do Duenssa.
E os caras faziam um rap,e eu e o Venom, éramos os caras que sabiam mexer nas paradas, tocavamos uns baratos, uns instrumentos.
A gente fazia nossos lances,mas nem mostrava pros caras...O Zorack era solo, eu e o Venom estávamos fazendo nossas paradas aos pouquinhos, aprendendo,
e o Espião tinha o Rua de Baixo com o Duensssa,e com mais dois caras...Um deles era o Alan e o outro era o Bomba, que depois mudou de nome pra Granada por causa do Bomba do MR. SP FUNK.
O Granada saiu do Rua de Baixo e entou pro Mzuri Sana,e aí depois saiu do Mzuri um pouco antes do primeiro EP deles sair pela Trama.
Rhima Rhara era uma parada que os moleques citavam nas letras,foi uma parada que surgiu no porão do Espião.
o Parteum colava lá e estava aprendendo a fazer umas coisas com o Espião,todo mundo se conheceu nessa época.
Aí o Zorack entrou pro Ascendência,a gente conheceu os moleques do Elo Da Corrente,e é isso...

Outromundo: E quando veio a idéia de fazer o album do Ascendência?

Munhoz: O álbum do Ascendência surgiu de uma necessidade de botar as paradas na rua,a Rhima Rhara eram muitas pessoas,e é impossível você andar junto com 10 caras,
fazer 10 caras andarem numa sintonia,ainda mais como as coisas eram,todo mundo era muito moleque,muito novo,experiências diversas,cada um de um canto...
E olha que 10 são os que ficaram pra história...E sempre tem alguém que quer colocar mais um na banca,então vocês imaginam como era.
Então eu,o Venom e o Zorack decidimos tocar o Ascendência,a banca continuava lá,todo mundo era amigo,mas a gente tinha que fazer nossas coisas...
Saí do trampo, peguei uma grana de fundo de Garantia,investi nos equipamentos,morava num apartamento no centro de Sao Paulo,perto do Terminal Princesa Isabel,
e foi ali que a gente gravou o Ascendência,muitas músicas do primeiro disco do Afrorude,o primeiro EP do Consequência,e era um entra e sai,um monte de amigos...Outros nem tanto.
Era uma parada meio fora de controle,mas sei lá,vivemos o momento ali,aprendemos muita coisa sobre o rap, sobre a vida,sobre um monte de coisas nesse período.
Fiz o Ascendência e a gente lançou em CDR,coisa que ninguém fazia naquela época,não existia...Fizemos 150 cópias achando que era mais do que suficiente,e essas cópias terminaram em 10 dias.
A gente duplicava os CD's em casa,fazia uma cópia por vez,testava,era uma parada artesanal mesmo...Então a gente tomou um susto quando percebeu que a parada tava chamando atenção...
E saímos por aí divulgando,fazendo shows.Foi uma época bem importante pra mim,onde eu conheci muita gente,aprendi muita coisa...

Outromundo: E depois do disco do Ascendência, como surgiu a ideia de fazer a Mixtape 'Beats e Rimas' ?

Munhoz: O Ascendência acabou por uma série de motivos,aí eu fiquei sem grupo,fiquei fazendo minhas paradas sozinho...Mas nunca tive vontade de ter uma carreira solo,aí decidi fazer um disco de produtor...
E fui convidando amigos,pra participarem do disco...Pessoas que na época eu acreditava no trabalho.Foi uma experiência bacana,apesar de longa,tirando a música do Hurakan,que na época estava morando em Floripa.
Todos os sons foram gravados por mim...Fiz questão de que isso acontecesse,de encontrar os MC's,que eles viessem aqui escolher os instrumentais...Lancei o disco,e nessa época eu estava gravando o disco de estréia do Contra Fluxo: 'Missões e Planos',
que eu produzi inteiro,e participo na música 'contenda',aí quando comecei a divulgar meu disco,costumava levar os moleques do Contra comigo e vice e versa,então começamos a dividir o palco com frequência.
E aí começaram a surgir convites pra coletâneas,e sempre gravávamos juntos,foi natural que eu entrasse pro grupo...
E 'Beats e Rimas' Volume 2 pode surgir,Não prometo nada, mas tenho conversado com alguns MC's.

Outromundo: O que voce acha dessa nova cena do rap,novos mc's,produtores,que estao chegando agora ?

Munhoz: Velho,Sempre vai ter gente nova fazendo,sempre vai surgir novos talentos,muitos talentos vão abandonar o barco.Eu quero ver quem vai sobrar daqui 10 anos...
Sempre tem gente nova surgindo...E espaço,respeito,e tudo o mais,se conquista com um tempo.Porque uma cena se constrói fazendo shows,botando discos na rua,não soltando uma música no myspace...
A cena tá na rua, não no myspace.Curitiba tem rap bom há anos,mas a cena tá começando a se fortalecer lá agora,ta ligado?

Outromundo: O que significou pra você ser indicado como melhor pordutor no prêmio Hutúz?

Munhoz: Eu fico feliz com a indicação, porque mostra que meu trabalho tá sendo reconhecido, agora premiações,indicações,isso aí não muda nada.Já alcancei coisas muito além disso,tipo :
Tive um remix da 'Até o Fim' incluído numa coletânea promocional da 'Troca Brahma', no jornal 'The Guardian', numa edição de sábado...450 mil cópias no Reino Unido.
Tive um remix meu incluído numa coletânea da revista 'Wired' em parceria com o 'Portal de Creative Commons' chamado 'CCmixter'.

Outromundo: Munhoz,e suas influencias,(fora da musica) mas em geral,quais sao ?

Munhoz: Bruce Lee, Albert Einstein e Mussum da Mangueira.

Outromundo: E no RAP?

Munhoz: No Rap? Nao enxergo nenhuma.Mas se fosse dizer: O Slug do Atmosphere sozinho,me inspirou mais que os três juntos.
Agora em fora do rap: música brega,étnica,samba,muito jazz,soul e funk...Música instrumental,reggae,dub,Rock Psicodélico...
Tudo velho,independente de estilo,eu gosto de música.Fica impossível ouvir e conhecer tudo,mas não páro de me surpreender,existe muita coisa pra ser conhecida ainda.
Mas não me inspiro em nacional nenhum.Ouço as coisas quando elas saem,por curiosidade,mas evito ficar ouvindo muito,exatamente pra não contaminar meu trabalho com o trabalho de quem é meu contemporâneo.

Outromundo:
Primeiramente parabens,e obrigado Munhoz, e agora esse momento é seu. Agradecimentos, cobranças, recados, telefone pra contato pra agendar shows, telefone do estúdio, de repente, links, etc...

Munhoz: Agradeço a todo mundo que de alguma maneira já trabalhou comigo, dividiu o palco, perdeu noites de sono. A todo mundo que continua contribuindo pra verdadeira resistência que é o hip hop inteligente.Valeu a voces aqui do Blog.
E contatos via esse msn: munhoz77@hotmail.com
E o myspace do Contra Fluxo: http://www.myspace.com/contrafluxo
E o meu (Munhoz): http://www.myspace.com/mstereo
Valeu!



Um comentário:

Unknown disse...

da hora memo! munhoz é cabrero, um dos melhores produtores do brasa ..

é isso ae, paz.

 
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