OutroMundo Entrevista: Nel Sentimentum

Outromundo: Nel, quando e como foi seu começo no RAP?

Nel Sentimentum: Eu sempre ouvi Rap e tinha vários amigos que tambem curtiam, eu fazia grafiti e dava um role de skate, então o Rap sempre esteve presente na minha vida. Mas foi em 1999 que eu conheci o Dj Primo e o Dj Ploc. A gente estudava na mesma sala, num colégio ali no centro de Curitiba. Os caras já faziam um som e eu comecei a colar nas festas que eles tocavam, acabei conhecendo outras pessoas da cena como, Nairobi, Spectrum e o Monkey, que já faziam Rap na época e Sob a influência dessas pessoas eu passei a escrever as minhas próprias letras. Quando me dei conta, eu já estava fazendo parte daquele movimento todo, buscando mais informação, ouvindo cada vez mais Rap, participando das sessões de som, escrevendo junto com outros mcs, gravando umas tracks nas fitinhas cassetes.

Outromundo: Quando e como você começou a produzir?

Nel Sentimentum: Em 2003. Tinha acabado de voltar do Japão, onde trabalhei por 2 anos. Trouxe uma MPC2000XL comigo a conselho do meu amigo Spectrum, e de lá prá cá, tenho feito beats e não parei mais.

Outromundo: Você produz mais gente, músicas de outros artistas, além do seu trabalho?

Nel Sentimentum: Montei um Home Studio agora em 2009 e tenho trabalhado bastante produzindo, gravando e mixando trabalhos de outros artistas. Além disso eu tenho um selo chamado Upground, que é por onde eu lanço os meus trabalhos como Mc e Beatmaker. O objetivo do selo é agregar mais artistas e ajudar a produzir, lançar e promover seus trabalhos, numa filosofia de cooperativa, onde todos se ajudam.


Outromundo: O que você gosta de recolher de material pra samplear?

Nel Sentimentum: Ouço de tudo um pouco, Rock, Soul, Jazz, Bossa. Depende da vibe do dia pra escolher o sample.


Outromundo: Você é contra samplear coisas de mp3, pra você é só vinil, ou não?

Nel Sentimentum: Não sou contra, mas acho que a massificação de downloads pra samplear, acaba enfraquecendo a cultura do Diggin', que é aonde tudo começou. Por outro lado, tem muito disco que você nunca vai achar aqui no Brasil, e isso é uma limitação, então a net acaba que fortalecendo desse lado. O problema é que neguinho se acomoda e esquece do vinil. Geralmente eu uso samples de vinil, mas tem trabalhos que eu preciso fazer que o próprio artista traz o sample e as vezes é em mp3, aí eu uso, sem crise.

Outromundo: Quando o assunto é produção, quais são suas referências, nacionais e internacionais?

Nel Sentimentum:Aqui no Braza eu admiro muito as produções do pessoal de C.W.B, beatmakers como: Nave, Spectrum, Dario, Cabes, Cilho, Lauds. Que mesmo sendo da mesma city e colando junto, cada um tem o seu estilo e todos mandam bem. Tem o Parteum, Munhoz, Caique, Encee, Solo Damant e vários outros no Brasil que eu acompanho e sempre estão surpreendendo e cosequentimente servindo de referência. Na gringa, sou como qualquer outro beatmaker, a minha escola é DJ Premier, Pete Rock, Dilla, Buckwild, Dj Quik, Dre, Alchemist, Lord Finesse, Just Blaze, M-Phazes, são vários também.

Outromundo: E nas rimas, na escrita?

Nel Sentimentum: Bom, em questão de rimas, flow, presença, e ser aquilo que se expressa, Notorious B.I.G, que pelo menos pra mim, foi o melhor de todos os tempos. Porém, tem uma lista infinita de nomes como: Big L, Tupac, Krs One, O.C, Nas, Wu Tang, Jean Grey, Apani, Queen Latifa, Mystic, Jay-Z, Pun, Mr. Lif, Aesop Rock, Slug, EL-P, Eminem, Snoop, Murs, que são artistas que fazem trabalhos únicos e independente da época que você ouvir, vai soar como atual e concerteza vai te impressionar.


Outromundo: Como anda o Audiocracia, o seu grupo?

Nel Sentimentum: O Audiocracia tá parado, porem ainda existe. Mas no momento cada um está fazendo o seu trampo solo, apesar de não termos lançado muita coisa, fizemos vários sons juntos que serviram de base para as coisa que fazemos hoje. Na hora certa vai sair um disco.


Outromundo: Qual é a ciência do seu nome, Nel Sentimentum?

Nel Sentimentum: Não tem muito mistério nisso. Nel faz parte do meu primeiro nome e Sentimentum que significa, “sentimento” em Latin (lógico), define bem a minha personalidade e consequentimente a temática dos meus sons, que são sempre relacionados a todo tipo de sentimento ou situação, porem "Sentimentum" é universal, agrega tudo e atinge a todos.


Outromundo: Foi á partir disso que você teve a idéia do nome da EP?

Nel Sentimentum: Sim, Sentimentumlogia é o estudo do sentimento. Isso serve tanto para
expressar o que eu aprendi nesses 26 anos de vida, quanto os sentimentos que existem dentro de todos nós, sejam eles bons ou ruins, porém reais. No disco eu enfatiso muito a “positividade”, que não é um sentimento, mas sim uma energia que se pode unir a tudo, e que eu digo sem demagogia nenhuma, é a chave!


Outromundo: Nel, você lançou seu disco ano passado, Sentimentumlogia, qual foi o processo, produção, gravação, mixagem, masterização, o processo criativo, como foi?

Nel Sentimentum: A maioria das letras e beats são coisas que eu vinha separando no decorrer do tempo. Já pensava em fazer um disco solo, mas sempre me envolvia em outros projetos e não sobrava tempo pra concretizar isso. Até que eu decidi que era hora de fazer porque se não, não iria mais rolar de gravar e lançar essas idéias. Na minha cabeça todo esse material estava ficando velho. Porem eu precisava lançar pois, são as idéias que definem uma fase da minha vida que serviu para criar a fundação de tudo que eu sou e estou fazendo hoje.
O disco todo foi feito em casa mesmo, forãm 3 meses entre testes, gravações de vocais e scratchs, formatando algumas letras, refazendo alguns beats, mixando, ouvindo bastante as tracks e opiniões de outras pessoas. Teve tambem o trabalho de criação da capa, que eu mesmo fiz com a ajuda do André Lello, que tirou as fotos.

Outromundo: Como estão as vendagens?

Nel Sentimentum: Estão indo bem. A princípio eu tinha feito 150 cópias, que foram as que eu chamo de “artesanais” (Tudo feito em casa). Essas acabaram em menos de um mês. Fiz mais 200 em CD-R, já na fábrica, que acabaram rápido também, então mandei prensar 1000, que graças a Deus, já se foram mais da metade.


Outromundo: O que você está achando da resposta do público?

Nel Sentimentum: Melhor do que o esperado. Além das vendagens, tenho recebido todos os dias e-mails e mensagens parabenizando pelo trabalho. Algo que me dá mais forças para continuar nessa caminhada.

Outromundo: Algum tempo depois do lançamento, o que você tem em mente para futuros projetos, o que vem pela frente?

Nel Sentimentum: Eu estou trabalhando na sequencia do Sentimentumlogia, será um disco quase todo de participações. Queria poder terminar e lançar esse ano, mas com a quantidade de trabalho no estúdio, está mais certo para 2010. Até mesmo porque ainda pretendo trabalhar bastante o primeiro disco, tem muita gente que ainda não conhece o meu trabalho e quero fazer com que o disco chegue até essas pessoas.


Outromundo: Nos fale ai Nel, o que você anda escutando ultimamente?

Nel Sentimentum: Tenho escutado muita pouca coisa nesses últimos tempos, meu mp3 player quebrou e não me sobra muito tempo. Mas um disco que tenho escutado muito é o Blackout 2 e o Abstract Rude novo, o “Rejuvenation”, fora os discos que eu encontro no sebo. Ahh.. a mixtape do Emicida tá foda também.


Outromundo: Bom, esse é o seu momento Nel, Deixe recados agradecimentos, cobranças, contato, links, etc. Muito obrigado.

Nel Sentimentum: Bom, eu quero agradecer o blog OutroMundo pela oportunidade e a todos que fortalecem o meu trabalho, comprando o cd, baixando, ouvindo, criticando e emanando boas vibrações. É isso. Positividade Sempre!!!

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